O canto cristalino de Cristina El Tarran
Cantora grava seu primeiro disco e faz homenagem à Flora Purin
O Canto é o Chamado pra Viver. Essa frase, retirada da canção “Rádio Experiência”, de Tunai e Milton Nascimento, não só batiza o disco de estreia da cantora Cristina El Tarran, como também traduz sua personalidade. Com mais de trinta anos de carreira, a artista paranaense, no seu primeiro álbum, faz uma homenagem à Flora Purim e, junto com ela, escolheu as doze músicas que marcaram vários momentos de sua trajetória musical. O resultado é um trabalho emocionante, com um repertório impecável.
Cristina El Tarran revela que o disco aconteceu de maneira surpreendente e teve como catalisador a própria Flora Purim. Ela lembra que estava há quase dez anos protelando para entrar no estúdio e gravar seu primeiro álbum. Um dia consultou a Flora sobre a possibilidade de fazer um show em sua homenagem e recebeu a resposta. “Mas primeiro temos que gravar um disco”. Pronto.
O processo de seleção e gravação levou quase o tempo da pandemia. Primeiro Flora mandou várias músicas para Cristina escolher. Inicialmente o repertório sugerido foi com músicas do começo da carreira e bossa nova. “Mas eu queria cantar outras canções mais elaboradas que ela não tinha incluído. Então fizemos alguns ajustes”, lembra Cris.
No repertório estão músicas de Milton Nascimento, Toninho Horta, José (Pires de Almeida) Neto – parceiro de Flora Purim que veio especialmente dos Estados Unidos para participar do disco – entre outros compositores. “A Flora fez a direção musical do disco e eu canto canções que marcaram seu repertório e influenciaram a minha carreira”, explica. Durante essa conversa, as cantoras descobriram uma afinidade musical bem curiosa: a forma como elas se interessam pela canção acontece primeiro pela melodia, depois pela poesia. Almas gêmeas.
A escolha dos músicos acabou sendo compartilhada com Flora Purim. Se por um lado Cristina El Tarran escalou alguns dos melhores músicos de Curitiba com quem ela se apresenta há muitos anos como Davi Sartori (piano e arranjos), Glauco Solter (baixo), Endrigo Bettega (bateria), Marcio Rosa (percussão), Mário Conde (guitarra); por outro, Flora convidou músicos de fora que estiveram em gravações com ela como José Neto (guitarras), Gary Meek (sax/piano), Filó Machado (violão), Derico Sciotti (sax/flauta), Dan Robins (baixo), Celso Alberti (bateria) e, é claro, seu companheiro de vida, o percussionista Airto Moreira. Um dream team musical.
Disco gravado. Cristina El Tarran explica que a convivência com Flora Purim e Airto Moreira no estúdio trouxe muitas emoções. “Eles estiveram presentes em todo o disco. As músicas registradas há mais de 40 anos traziam lembranças muito vivas e eles sabiam exatamente o que tinha que ser feito em cada instrumentação. Era uma volta ao tempo. Lembranças musicais. Por isso o nome do disco: O Canto é o Chamado pra Viver, pois eu também sinto que a música, em todos os dias e momentos, está comigo. “Cantar é o encontro com a minha alma” finaliza Cris.